terça-feira, 26 de novembro de 2013

 Pesca de Papa-Terras

Reproduzimos um artigo maravilhoso de cerca de 10 anos atras,escrito por
José Carlos Magalhães Reis  que faleceu 17 de julho de 2012 sobre Papa-terras
Reis pescou muito na Plataforma de Cidreira ,tendo criado na época a Equipe de Pesca Os mentirosos

         Na foto Reis de amarelo com trofeu de uma prova dos "Mentirosos"
           Realizada na Plataforma de Pesca Cidreira nos meados dos anos 90


Papa-terras!    

Objetivo

Recebemos muitos e-mails pedindo informações sobre como pescar o papa-terra e resolvemos então escrever um capítulo sobre o assunto. Os equipamentos, técnicas e materiais aqui descritos retratam um conjunto padrão de uso geral para pesca de mar com finalidade de lazer ou recreativa e não a uma pesca de competição.

O peixe


Nome popular: Este peixe tem vários nomes pelo Brasil é conhecido por papa-terra, pé de banco, judeu, frade, betara, embetara. Com uma coloração prateada tem o ventre esbranquiçado com uma linha longitudinal bem marcada.
Nome científico: Menticirrhus littoralis.

Um peixe muito parecido é o Menticirrus americanus conhecido como papa-terra de dentes ou biterra. Possuem formas bem semelhantes mas o biterra além de possuir dentes pontiagudos apresenta manchas escuras pelo corpo, tem o dorso mais curvado e quando é juvenil suas nadadeira apresentam uma tonalidade amarelada.

O nome papa-terra deve ter sido dado em função da posição da boca que é bem abaixo do focinho do peixe o que indica que come no fundo. Nas duas espécies encontramos um pequeno barbilhão na mandíbula inferior.

Alimentação

Fazer um exame de conteúdo estomacal dos peixes nos leva a conhecer suas preferências alimentares. No caso do papa-terra, encontramos muitas tatuíras, minhocas do mar, pedaços de marisco, pequenos mariscos brancos triturados, pedaços de corrupto e eventualmente alguns filhotes da própria espécie e camarões.

Habitat

Habitam desde a costa dos Estados Unidos até o sul da Argentina. Eventualmente entram em zonas de estuário. São encontrados em cardumes desde a zona da espuminha até uma faixa de uns 600 metros quase sempre dentro dos buracos. Nadam junto ao barranco capturando seu alimento que é arrastado pelo refluxo das ondas.

Como capturá-los

     Papa-Terra  foto : LEONARDO PIERRO BECKERLE

Daremos aqui algumas linhas gerais sobre a captura deste peixe, ressalvando que o meio influencia no comportamento do pescado. Assim em locais diferentes poderão ocorrer algumas variações de material, isca, iscagem, tamanho do anzol, etc..

As praias do Rio Grande do Sul encontram-se em uma área de formação e possuem como característica comum pouca profundidade e fundo arenoso com canais paralelos a faixa litorânea.

Teremos sucesso pescando nesses canais, principalmente se soubermos escolher os mais profundos em zonas de pouco movimento. Pescar em áreas de banho além de expor outras pessoas ao risco de ferimentos graves ainda apresentará uma baixa produtividade.

Equipamento

Carretilhas ou molinetes de tamanho médio, com os carretéis bem cheios garantirão melhores arremessos. Por influência de nosso vizinhos Uruguaios e Argentinos que sem dúvida foram nossos grandes mestres na arte da pesca, utilizamos muito a carretilha em nosso estado, outros fatores que contribuem muito para essa preferência são o vento e a proximidade do peixe.

Temos um regime de ventos onde predomina o vento de nordeste ou de sul isto coloca o alinhamento do vento quase que paralelo a faixa litorânea. Lançar de molinete com este vento tem o inconveniente da formação de uma grande barriga de linha (também conhecida como seio da linha). Normalmente a correnteza acompanha o vento, este excesso de linha causará um grande arrasto não permitindo que nossa chumbada pare no local onde efetuamos o lançamento, prejudicando assim o intento da pesca.

Caniços, deveremos utilizar caniços que nos permitam alcançar os buracos com chumbadas do tipo pirâmide com peso entre 100 a 200 gramas. Na maioria das vezes usaremos pesos entre 100 a 150 gramas, a justificativa para usarmos esses pesos está fundamentada mais em função de alcançar maiores distâncias do que para parar o chumbo.

Materiais

Chumbadas, de um modo geral o melhor formato de chumbada para pesca em nosso litoral é a pirâmide. Devemos dar preferência as de base quadrada e fixa-las sempre pelo lado da base e não pelo vértice.





Papa-Terras e Biterras na Plataforma de Pesca Cidreira

Deveremos ter chumbadas de diversos pesos e formatos de modo que possamos fazer experimentos e substituições. Não recomendamos o uso de chumbada tipo garatéia para esse tipo de pesca. Use linha fina, se necessário aumente o peso de sua chumbada e se assim mesmo a linha não para na água é um sinal de que o dia ou o local não é o mais apropriado para pescarmos.

Linha, quanto mais fina a linha maior será a distância que alcançaremos em nossos lançamentos. Isso implica em uma grande quantidade de linha dentro da água sofrendo arrasto lateral mas com uma linha 0,20 ou 0,25 esse efeito será minimizado e na maioria das vezes anulado. É comum estar na Plataforma pescando e algum parceiro que está pelas vizinhanças vir perguntar que chumbo estamos utilizando pois o chumbo dele não para. A primeira coisa que questionamos é o diâmetro da linha. As respostas são variadas mas estão sempre na faixa de 0,40 a 0,60. Isso é utilizar um canhão para matar um mosquito!. Uma linha comum 0,20, de fabricação nacional, suporta 3,700 gramas se considerarmos que um papa-terra muito grande pesa algo em torno de um quilo veremos que estamos trabalhando com boa margem de segurança.

Alguns perguntam como uma linha 0,20 consegue lançar um chumbo de 120 gramas ? Usamos um arranque de uns sete a oito metros de linha 0,40 que suporta tranqüilamente ao impacto do lançamento de uma chumbada de 150 gramas. Algumas linhas importadas (Super Raiglon) com diâmetro entre 0,35 a 0,38 resistem ao tranco muito bem. Para unir as linhas usamos o nó de emenda.




Olha só a realização do pai ,Marcio Roberto,pescando na Plataforma de Pesca Cidreira, com o filho e a alegria do Pedrinho junto com peixes.18/05/2009


Anzóis, pesca-se bem o papa-terra com anzóis modelo Maruseigo e de preferência da marca Gamakatsu nos tamanhos 10 a 14 dependendo do tamanho do peixe da região. Com esses tamanhos de anzóis pegaremos exemplares de bom tamanho que nos permitirá saborear um bom peixe dando uma oportunidade aos pequenos para que cresçam e se reproduzam.



Maruseigo


Preferimos os anzóis de pata aos de olhal (olho) pois fica mais fácil para subir as iscas pela linha.




Empatando os anzóis com uma linha simples teremos também uma melhor sensibilidade na batida do peixe. Como usamos arranque e rabicho de linha 0,40 também empatamos os anzóis com essa linha. O nó que usamos para empatar os anzóis é este aí ao lado.



Deixe as braçoladas com pelo menos quarenta centímetros de comprimento, vamos nos lembrar que o peixe que queremos pegar come no chão.


Iscas, no início dessa matéria descrevemos a alimentação do papa-terra, tatuíras, minhocas do mar, pedaços de marisco, pequenos mariscos brancos triturados, pedaços de corrupto e eventualmente alguns filhotes da própria espécie e camarões.

A maneira como colocamos a isca no anzol é fundamental para o sucesso de nossa pescaria e destacamos que a ponta do anzol deverá ficar sempre totalmente exposta. Alguns perguntam, mas se o peixe enxergar o anzol ele vai pegar ? Respondemos que se os peixes reconhecessem perigo em um anzol jamais atacariam uma isca artificial.

A iscagem com marisco branco pode ser vista no tópico Marisco branco e estaremos preparando um material descrevendo como preparar e iscar as demais iscas.

Esperamos que estas dicas lhe sejam úteis e qualquer dúvida que ainda tiver estamos sempre a disposição para tentar ajudar no que for possível.

Reis






Porto Alegre, 11 de outubro de 2003.


Nenhum comentário:

Postar um comentário